Bento Engolido Pelo Linktree
Recentemente, descobri o Bento, uma plataforma link-in-bio que permite organizar e centralizar redes sociais, links, vídeos, GIF, matérias e muito mais, tudo em um único lugar.
O que mais me chamou atenção no Bento foi o seu design simples e elegante. Com um tradicional fundo branco, a possibilidade de categorizar conteúdos, explorar todas as cores que quiser e formas arredondadas que trazem uma sensação de conforto e beleza para olhos humanos, a plataforma se destaca na categoria pela beleza e riqueza visual. A interface de arrastar e soltar torna a criação e personalização de uma página pessoal uma tarefa divertida e fácil. O Bento também oferece visualizações detalhadas e atrativas dos conteúdos, como tweets incorporados, postagens do Instagram, vídeos do YouTube e newsletters, tudo de maneira intuitiva e sedutora, a fim de atrair mais atenção e engajamento dos visitantes.
Criando sua comunidade
Devido a essas características, o Bento construiu uma comunidade formada por designers, ilustradores, engenheiros de software, criadores de conteúdo, pequenas empresas e outros entusiastas, que utilizam a plataforma para criar seu próprio espaço criativo e organizado. A plataforma é especialmente popular entre aqueles que valorizam a estética e a personalização, permitindo que exibam seu trabalho e personalidade de forma visualmente atraente.
A aquisição pelo Linktree
Nas últimas semanas, decidi criar minha própria página. Contudo, fiquei surpreso ao descobrir que o Linktree adquiriu o Bento em junho de 2023. O Bento continuará a existir, mas não receberá mais atualizações ou novas ferramentas, tornando-se um produto End of Life (EOL). Isso significa que, embora o Bento ainda possa ser usado, não haverá mais desenvolvimentos ou melhorias futuras na plataforma. Decepcionante, né?
As Potencialidades desperdiçadas
Desde que descobri essa informação, venho refletindo: por que não explorar ao máximo ambas as plataformas, Linktree e Bento? Apesar de terem objetivos semelhantes, elas são distintas. O Linktree possui maior alcance e se comunica de forma mais eficaz com o público, formado por criadores de conteúdo, anônimos, marcas e empresas que buscam maximizar seu impacto nas redes sociais. Por outro lado, o Bento se conecta mais facilmente com artistas, jovens empresários e startups que valorizam uma apresentação visual rica e personalizável.
Esse infelizmente é um exemplo clássico do fenômeno de aquisições predatórias, onde grandes empresas absorvem startups inovadoras. Essa prática pode ter implicações significativas para o ecossistema tecnológico, muitas vezes sufocando a inovação e limitando a diversidade de opções disponíveis para os consumidores. Em vez de nutrir e expandir o que tornou o Bento uma plataforma destacada, o Linktree optou por uma abordagem que pode estagnar o crescimento e a evolução do Bento em um mercado competitivo. Vale lembrar que a mesma empresa adquiriu o Koji e preferiu encerrar as operações da antiga concorrente, derrubando todos os sites criados pelos antigos usuários.
A Falta de Visão Estratégica
Este tipo de ação demonstra uma tendência preocupante no âmbito corporativo. Grandes empresas, muitas vezes, preferem eliminar a competição ao invés de colaborar e aperfeiçoar as inovações que as startups trazem para o mercado. Isso não apenas desencoraja o espírito empreendedor, mas também impede que novas ideias surjam e se transformem em produtos e serviços que poderiam beneficiar a sociedade como um todo.
Como empreendedor, vejo que essas plataformas podem coexistir e crescer cultivando públicos diferentes. Um grande exemplo é a Ambev, que possui cerca de 30 marcas de cerveja, entre elas a Brahma, Antarctica, Budweiser e Colorado. Cada uma dessas marcas atinge diferentes públicos, e muitas vezes são consumidas pelo mesmo público a depender da ocasião. O interessante é que esses consumidores, apesar de terem suas marcas preferidas, não se fecham a consumir outras, e essas outras, muitas vezes, são da própria Ambev. A Guta Tolmasquim 💜 compartilhou uma verdade há algum tempo, sobre como muitas vezes quem consome determinado serviço ou produto não é um público novo, mas aquele que já é habituado a consumir serviços ou produtos similares. Esse tipo de consumidor está mais aberto a experimentar o que você tem a oferecer, mais do que alguém que não consumiu da concorrência, ainda que essa pessoa precise daquele produto ou serviço.
O que podemos fazer?
A história do Bento e do Linktree serve como um chamado à reflexão sobre como valorizamos e preservamos a inovação no mercado de tecnologia. Como consumidores e empreendedores, devemos estar cientes do poder que temos em moldar o mercado com nossas escolhas e apoio. Ao optar por plataformas que promovem a inovação contínua e a diversidade de mercado, podemos incentivar um futuro onde a tecnologia evolui de maneira inclusiva e benéfica para todos.